AULA 06. Ideia e processo


Ideia e processo

Sobre este tópico, começou por se afirmar e tentar perceber o que era a ideia, e seguidamente o processo, segundo isso, entendeu-se que a ideia era um seguimento, um começo, um início de um processo, assim, a ideia é o início do pensamento abstracto (é o inicio da prática arquitectónica) e pode ser usada como estratégia para desenvolver um projecto. A ideia não é nenhum elemento que está à volta do pensamento filosófico, mas sim o ponto de partida para o arquitecto.
Um bom edifício é aquele que é criado com base numa ideia e que no fim do processo ainda se mantém o conceito da ideia bem visível.

De acordo com a definição no dicionário de processo, a palavra significa um modo de fazer uma coisa; uma norma; um método; sistema; formação; acto de proceder ou andar; seguimento; decurso.
Assim, o processo é importante para relacionar o caminho da ideia. Uma acção de continuar uma série de coisas que não tem fim.
O importante não é o projecto final, a obra final, uma pintura final, o importante está no processo, no conceito que está por trás da obra, porque se o projecto final não tiver processo então não valerá nada. A ideia fica muito mais pura durante o processo do que na final (perde-se a essência).

Foi dado um exemplo do desenho e da condição do desenho, que era, em primeiro lugar, saber o que fazer e daí ter uma ideia que deverá presenciar-se no final do processo. Logo, o mau desenho não deixa perceber a ideia inicial. Mas, por sua vez, o bom desenho é facilmente perceptível a ideia original.

Seguidamente foram dados vários exemplos da ideia no processo nalgumas correntes artísticas e alguns trabalhos de artistas plásticos:

1. Cubismo

Exemplos de obras:

“Cabeça” Litografia (tempo linear)
P. Picasso, 1945
“Cabeça” (tempo fragmentado)
P. Picasso, 1945

No Cubismo são apanhados bocados de diferentes pontos de vista em diferentes momentos, existe um processo temporal na acção artística, onde se multiplicam vários pontos de vista que depois são sobrepostos apenas num quadro. É criada a 4ª dimensão (tempo) através da sucessão de diferentes pontos de vista. Logo, o que importa não é a representação real de apenas um ponto de vista (o projecto final não é importante).

2. Ready Made

“Roda de bicicleta”
Duchamp, M. 1913

Os objectos comuns do quotidiano estão a ser colocados à frente do espectador de forma artística através da combinação dos mesmos. Assim, o objecto representado perde a sua funcionalidade tornando-se num objecto artístico.
Qualquer coisa pode ser movida de uma articulação artística, para isso basta existir um processo necessário para modificar a maneira de apresentar.

3. Assemblage

Exemplos de obras:
“Hotel do Oceano”
Joseph, Cornell, 1960

É como se tratasse de uma colagem mas com objectos. Onde o artista pega em objectos que antes não tinham nada a ver uns com os outros e libertando-os das suas funções habituais, cria novas conexões entre eles e apresenta-os juntos e de forma artística.
Neste movimento o que importa não é o aglomerado de objectos que foi criado, mas sim a maneira que cada um está colocado no conjunto.

4. Yves Klein

Exemplos de obras:
“Antropométricas”
Klein, Y

A obra de arte não é um objecto posto numa sala, o importante é a introdução do factor tempo numa acção artística. Portanto se a acção artística está a decorrer naquele momento o que importa é o processo e não o resultado final.

“Salto no Vazio”
Klein, Y.

Esta obra é uma sobreposição de fotografias, que serve para criar uma tensão no momento. Pois, o momento em que é fotografado o salto é o mais importante (factor tempo).
A obra é uma mistura da fotografia transformada (projecto final) e da realização da fotografia (processo).



5. Happening

Exemplos de obras:
“Fenómenos”
Wolf Vostell 1965

O importante é o que está a acontecer naquele momento, estamos apenas a ver a imagem como uma parte do momento que passou. O publico intervém na acção artística, sendo assim o tempo torna-se em arte, porque quando acabar o que está a ser feito, termina a obra artística. O tempo como duração real do tempo já é arte. Logo, o mais importante não é a fotografia final (projecto final), mas sim aquilo que foi feito no momento (processo).

6. Performance

Exemplos de obras:
“Underneath the arches”
Gilbert & George 1976

As pessoas actuam na obra artística, sendo ainda participantes da acção (como esculturas vivas). Durante a acção artística, perde-se a ideia de que é preciso um objecto construído para haver obra artística.

7. Arte Audiovisual
Exemplos de obras:

“Manipulating a fluorescent tube”
Bruce Nauman

Existe um meio visual para mostrar a acção artística que está a decorrer no momento.

8. Arte Processual
Exemplos de obras:
“Explorando o chão”
Lara Almarcegui

Já não é importante o projecto final, porque simplesmente não existe. Existe a necessidade de fluir o tempo (processo é mais importante).
A obra artística é o processo de desmontar o chão e voltar a montar (processo temporal).


Para resumir, de acordo com as diferentes épocas, os diferentes movimentos e correntes artísticas e os diferentes artistas, o que mais importa nas suas obras não é o projecto final a que chegaram, mas sim o processo que tiveram para chegar ao resultado final.