AULA 08. Louis I.Kahn e o processo


“Um bom edifício é aquele que através do “como” podemos definir o “porquê””.
Louis I. Kahn

1. Porquê?

Para Kahn, nesta fase do seu processo existe um mundo incomensurável e sem escalas (ideogramas). Neste mundo das ideias, Kahn levanta uma questão para ele próprio. Para que faço qualquer projecto? (saber que projecto fazer)

2. Quê?

Seguidamente a uma primeira fase, surgem formas arquitectónicas com um sentido arquitectónico tal como acontecia no processo de formalização, então Kahn interroga-se. O que fazer? (saber que forma deve ter a ideia do projecto)

3. Como?

Neste momento, já sabendo o que fazer é necessário saber como materializar. Então, primeiro é necessário desenhar o edifício e em seguida constrói-se.


Para Kahn, a fase “quê?” significa a parte formal (forma = quê?), e a fase do “como?” significa o projecto (projecto = “como?”).

O movimento relacionado com a vida dos sonhos será a prática da arquitectura. Relacionando assim o mundo do arkhe (vida real) com o mundo do thelos (mundo dos sonhos), isto é, fantasia/real.

A arquitectura começa por tudo aquilo que é incomensurável, submetendo-se mais tarde ao método dos meios mensuráveis. Assim, o edifício é construído para tentarmos compreender a ideia.



Exemplo:

Ainda sobre a metodologia de Kahn, exemplificou-se com a ideia de mosteiro.


1. Ideia: é uma instituição, um retiro, recolhimento. Faz-se a pergunta para quê?


2. Forma: Quê? A pergunta de que forma terá o mosteiro.


3. Projecto: Como? Exemplos disso são os diferentes tipos de mosteiros que existem, como o mosteiro de Tourette (Le Corbusier), mosteiro dos Jerónimos (em ordem nas imagens de cima para baixo).
A ideia geral é a mesma em todos os tópicos, podendo ser materializada de maneira diferente. Se a forma corresponde à ideia, uma mudança da materialização não significa que se perca a ideia inicial.

Assim, para resumir este processo, uma arquitectura para ter significado pode ficar-se apenas pelo processo arquitectónico, não precisa de se materializar. O tempo participa na forma arquitectónica como contraponto da ideia arquitectónica, como foi visível nos exemplos anteriores dos vários movimentos artísticos onde o que mais importava era o que estava a acontecer no momento do que propriamente o resultado final.
Existe primeiramente uma idealização (ideogramas sem escala, não mensuráveis), seguido de uma formalização (ideias com formas, mensuráveis), e ainda um processo de projecto (esquemas mais precisos), podendo haver uma materialização.
Os tópicos “porquê?” e “para quê?” são geradores de ideias arquitectónicas, resolvem os problemas e tentam dar resposta a problemas reais. O tópico “como?” é denominado pela fase do processo que poderá existir uma outra fase de materialização.